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Delito de Opinião

O bode expiatório

José Maria Gui Pimentel, 17.09.12

 

Faz-me alguma impressão assistir aos protestos recentes e ver as pessoas chamar todos os nomes possíveis a Passos Coelho, e restantes membros do Governo (para já não falar da troika, que só está cá porque foi chamada). Embora perceba que se está numa situação muito difícil, custa-me que não se perceba que os criticados são apenas o bode expiatório de um problema com (muitos) outros responsáveis. O Governo actual tem feito menos do que o esperado em algumas frentes, é certo, e poderá estar a ser demasiadamente rígido noutras. Porém, é preciso ter em conta que o caminho está, na melhor das hipóteses, a um terço do percurso de uma legislatura de quatro anos. Este governo está em funções, por exemplo, há apenas 13% do tempo que o actual presidente da república passou como primeiro-ministro. Quer se acredite que o país começou a cavar a cova em que se encontra no guterrismo, no cavaquismo, no 25 de Abril, em 1910 ou até em 1143, é preciso entender que o actual terço de legislatura representa uma fina lasca do bolo de má governação que deu origem ao momento actual. Este governo não pode falhar, e por isso é legítimo ter expectativas altas. Mas é preciso não esquecer que as contas só se fazem no fim. É legítimo e desejável que se pressione o governo a cortar a sério na despesa e a arrepiar caminho na redução da TSU às empresas. Mas os protestos do último fim-de-semana procuram, e podem alcançar, muito mais do que isso.

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