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Delito de Opinião

Ó Luís, vê lá como é que o Passos fica a cantar a Nini

Rui Rocha, 09.09.12

 

Deixemos por um momento a discussão sobre o caminho e as alternativas e centremo-nos nos efeitos das medidas anunciadas. Um país com o nível de desemprego atingido em Portugal (e não, não vai melhorar) e que vê os que trabalham perderem mais de um salário líquido (trabalhadores do sector privado) ou mais de dois salários líquidos (trabalhadores do sector público) está, objectivamente, numa situação de economia de guerra. Um cenário destes exige de quem tem responsabilidades políticas muitas coisas. Mas exige, antes de mais, contenção e respeito pelo drama social de um número crescente de pessoas. A situação não está para brincadeiras. A coisa não vai lá com manifestações vazias de proximidade, solidariedade ou compreensão, como é o caso da mensagem do Facebook que alguém escreveu por Passos Coelho e que, como era de esperar, tem o único efeito útil de permitir a uns bons milhares de pessoas dizerem-lhe aquilo que gostariam, com razão ou sem ela, de transmitir-lhe cara a cara. Pelo mesmo motivo, o deputado Amorim devia ter vergonha. Porque a paciência para aceitar que se utilize a angústia como arma de arremesso político está esgotada. Nesta altura, as pessoas precisam de soluções e exemplo e não de quem procure capitalizar as responsabilidades de terceiros em proveito próprio ou de alijar as suas próprias responsabilidades à custa da miséria alheia. Sobretudo quando as ditas soluções e o referido exemplo escasseiam. Por tudo isto também, a imagem de Passos Coelho feliz e entusiasmado a cantar a Nini de Paulo de Carvalho umas horas depois de anunciar cortes brutais no rendimento dos portugueses é mortal para a sua credibilidade política. Trata-se de um episódio ao nível do Luís vê lá como é que eu fico imortalizado por Sócrates. Certo. Um governante não é, por isso, menos pessoa. E tem direito aos seus momentos de alegria. Mas, na noite de 7 de Setembro, depois de ter provocado angústia a milhões de portugueses, Passos Coelho ria de quê?

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