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Delito de Opinião

Um elefante incomoda muita gente e um motorista incomoda muito mais

Rui Rocha, 01.09.12

Ao que parece, D. Juan Carlos Alfonso Víctor María de Borbón y Borbón-Dos Sicilias tem andado de trombas. Sabe-se de ciência certa que o sangue azul, por condição e natureza, tem especialíssimas características. Se, por um lado, a sua extrema fluidez permite assegurar uma irrigação privilegiada das zonas cerebrais responsáveis pela clarividências das decisões e pela luminosidade da visão, é bem possível que, por outro lado, esteja sujeito, por isso mesmo, a condições de fervura que carecem de pouca água. Tal circunstância, que se tem por absolutamente real em não poucos dos melhores tratados que sobre estes temas se têm escrito explicará, por exemplo, a irreprimível necessidade que o Príncipe Harry tem demonstrado em se colocar em pelotas para assegurar uma adequada refrigeração da corrente sanguínea. E já por aqui percebemos a origem factual e profunda da célebre expressão o Rei vai nu, sendo que no caso de Harry ali onde se escreve Rei deverá ler-se Príncipe, a benefício do rigor histórico (não vá aparecer-nos por aí a palmatória do Manuel Loff) e da rectidão das linhas sucessórias que se querem tudo menos enviesadas. Ora, se juntarmos a falta de uso do fuzil, a memória de elefante dos súbditos e a elevada concentração de glóbulos azuis própria das cabeças coroadas, veremos que se reúnem as condições para que D. Juan Carlos Alfonso Víctor María de Borbón y Borbón-Dos Sicilias ande por estes dias ainda a reinar, é certo, mas sempre com real irritação. E há regras da vida que se aplicam tanto a predistinados como a plebeus, por muito injusto que isso possa parecer. Uma delas diz que quando as coisas começam a correr mal, até o motorista nos causa problemas. Isto, claro, se tivermos um. Motorista, entenda-se. D.  Juan Carlos Alfonso Víctor María de Borbón y Borbón-Dos Sicilias, por exemplo, tem. Motoristas, entenda-se. E até tem um que, e aqui se vê como a referida regra não poupa as cabeças mais coroadas, por inépcia, insensatez ou vulgaríssima má vontade não pára a viatura no exacto local onde o predestinado monarca previra que o fizesse. E já se sabe como  D. Juan Carlos Alfonso Víctor María de Borbón y Borbón-Dos Sicilias é sensível em questões de pontaria. Vai daí, leva o atarantado motorista uma reprimenda. Bem real. E um calduço. Sim, que isto aqui ainda não é o Botswana.

 

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