O Carlos
Calma. É apenas uma história e conta-se em duas linhas. Estava eu a procurar no Google umas imagens, quando reencontrei esta conhecida estátua de Posídon. Sorri do que me trouxe à memória. Faz muitos anos, talvez mais de vinte. No Forum Picoas, estava patente uma exposição de arte grega de cujos contornos já não me recordo. Cá fora, a enfrentar na sua desdenhosa e olímpica nudez a Av. Fontes Pereira de Melo, erguia-se uma reprodução desta estátua de bronze, o Posídon de Artemísia, encontrado no mar ao largo do cabo Artemísia, provavelmente da autoria de Cálamis (c. 460 a.C.) e que faz parte do acervo do Museu Nacional de Atenas. Eu seguia num autocarro que parou mesmo ao lado da estátua. No banco à frente do meu, uma mulher, olhando pela janela, disse para outra que a acompanhava:
- Olha! Parece o Carlos.
- Ah! Pois parece!- concordou ela de imediato.
Ainda hoje não sei se quem lhes trouxe à memória o dito Carlos foi algum transeunte que semelhava as feições de um conhecido comum ou se era o brônzeo deus dos mares quem lhes evocava, sabe-se lá como e porquê, um Carlos de cuja pujante nudez pareciam partilhar o conhecimento. Assim uma espécie de sisters in arms.