De que «português» estarão a falar? E who cares?
É impressionante a quantidade de embalagens de filmes e séries apresentando erros ortográficos (sendo que muitas edições são portuguesas, não vêm de Espanha como o exemplo acima). Parece, aliás, que o número tem vindo a aumentar, tal como, sei lá, o dos erros nos rodapés dos noticiários televisivos. A circunstância incomodou-me durante algum tempo, confesso. Depois percebi que, atendendo à nossa indiferença pela língua, que a fácil implantação do Acordo Ortográfico deixou patente (muito embora, no caso daquela gente ansiosa por se sentir progressista, «indiferença» seja a palavra errada; tratou-se antes de um entusiasmo próprio de novos-ricos) e ao efeito potenciador desse mesmo Acordo na existência de diversas variantes aparentemente aceitáveis (as antigas, as novas, as que parecem novas), depressa muitos destes erros deixarão de o ser. Na verdade, com a regra do primado da fonética a ganhar terreno, «navegasão» já nem sequer constitui erro grave; apenaz um atu de vanguardizmu.