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Delito de Opinião

Professor Saraiva

Patrícia Reis, 20.07.12

O miúdo telefonou para apurar a razão do nível da tristeza.

 

Morreu um homem que era historiador e tinha mais de 90 anos e?

 

E, meu querido filho, José Hermano Saraiva faz parte da nossa moldura de vida, como fez o Vasco Granja, o Sousa Veloso. Pessoas que vimos sempre, que reconhecemos a voz, imitámos os seus gestos e com quem aprendemos. Um homem que vivia para contar as histórias da História e que, anos a fio, fez um programa de televisão que só pode ser considerado serviço público, não pode ser visto de outra forma.

 

E o miúdo pergunta

 

Ah, então é como quando morre um músico de quem gostamos muito?

 

Isso. Ou um escritor que lemos desde sempre, um poeta, um pintor, alguém que se destacou por ser diferente.

 

Como o Mandela?

 

De certa forma.

 

E tu choraste com quem?

 

Quando morreu o José Cardoso Pires, a Natália Correia, o Zeca Afonso, o Bernardo Sassetti.

 

E o miúdo, outra vez, interrompendo:

 

Sim, sim, com o Sassetti até eu chorei. Felizmente ficou a música. Deste professor fica o quê?

 

Um acervo enorme na RTP e a memória.

 

O miúdo desligou o telemóvel e eu senti que as lágrimas estavam prontas a voltar.

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