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Delito de Opinião

O xeque do bispo.

Luís Menezes Leitão, 18.07.12

 

Já há muito tempo que nos habituámos a ouvir D. Januário Torgal Ferreira e saber que a sua posição é muito desalinhada da da Igreja Católica. D. Januário não se coíbe de criticar as posições da sua própria Igreja, como se vê aqui e aqui, sendo por isso natural que a hierarquia da Igreja se demarque das suas posições.

 

Também já não são novidade os ataques violentíssimos de D. Januário Torgal Ferreira a este governo. Aquando dos cortes dos subsídios D. Januário já tinha aqui qualificado a medida como uma inventona, típica da Inquisição, um acto de terrrorismo, e que faria Sá Carneiro revolver-se no túmulo. Depois comparou as posições de Passos Coelho sobre a paciência dos portugueses às de Salazar, dizendo que lhe "parecia que estava a ouvir um discurso de uma certa pessoa há 50 anos" e que "o povo tinha que ir para a rua fazer a democracia". Não por acaso, surgiu logo a seguir uma notícia sobre os vencimentos que o bispo ganha, o que pelos vistos não o intimidou. O último ataque ao Governo é, porém, de uma violência extrema, falando o bispo em corrupção, em gangues, em diabinhos negros, etc., etc. O que espanta, no entanto, é que o Governo tenha decidido reagir em coro, quer por Paulo Macedo, quer por Aguiar-Branco.

 

Essas reacções permitem, no entanto, a D. Januário alimentar ainda mais a polémica, chegando a pôr em causa a autoridade de Aguiar-Branco. Ora, se há coisa que um Ministro da Defesa não pode ter é a sua autoridade posta em causa nas Forças Armadas, mesmo que a contestação venha apenas de um capelão.

 

Comparada com estes ataques de D. Januário, a oposição de António José Seguro parece a de um menino do coro. O bispo está em clara posição de xeque ao governo. Ou o governo se cuida ou arrisca-se a cair em xeque-mate.

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