Da vida dos insectos
Uma cidade é sempre duas: a que se vê à luz do dia e a que se adivinha de noite. Banalidade, eu sei, sempre foi assim e tal. Mas a luz do néon, mesmo se sem o fulgor e o fascínio de outrora, quase sempre surpreende no caminho escuro. Olhando-a por algum tempo sobrevém-nos a melancolia. E tem-se um vislumbre do encanto sórdido que atrai o insecto para a sua própria morte.
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(Guimarães, 2012, foto José Bandeira)