Parte da solução, não do problema
Os gregos falaram. Da única forma aceitável em democracia: através do voto. Na hora da decisão crucial, prevaleceu a resposta à pergunta que ontem aqui resumi desta forma: "Votar para quê? Para produzir novo impasse destinado a tornar ainda mais profundo o atoleiro ou procurar que o voto se torne parte da solução e não parte do problema?"
Após as legislativas de 6 de Maio, as forças políticas gregas, confundindo cálculo partidário com interesse nacional, foram incapazes de formar um governo de coligação. Julgo que agora não sucederá assim. Por um motivo muito simples: a Grécia precisa de 2 mil milhões de dólares para evitar a bancarrota, que tem já data marcada: 20 de Julho.
Não há nada como o inevitável para inspirar os políticos. A Grécia europeísta é hoje mais frágil do que ontem, mas continua europeísta. Também neste aspecto os gregos foram claros: esta eleição funcionou como referendo ao euro num país que tem registado por estes dias uma corrida dramática aos depósitos bancários.
Permanecer no euro é um direito da Grécia, que precisa como nunca da solidariedade europeia. Ora não há direitos sem deveres. O primeiro dever dos gregos é saberem ajudar-se a si próprios. O povo já cumpriu a sua parte. Falta agora os políticos cumprirem a sua.
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