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Delito de Opinião

Dos Gregos

Bandeira, 03.06.12
José Bandeira

Voidokilia, Messénia, Grécia. Águas jónicas. Perto daqui, homérico Nestor ergueu o seu palácio – ainda lá está, foi uma emoção visitá-lo. Por serem menos sofisticados do que nós, poderia pensar-se que os micénicos tomariam poucos banhos e em polibãs de plástico. Erro: a casa de banho de Nestor ostenta banheira de pedra decorada. O magnífico lar do rei Minos, em Creta, deu uma ajudinha a Ventris e Chadwick no processo de decifração do Linear B; mas foi no pequeno palácio da Messénia que mais de 4 mil tabuínhas permitiram aos dois homens concluir, sem qualquer espécie de dúvida, que a língua grega tinha as suas raízes ali. O "grego" da Ilíada era antepassado do grego. Sem aspas.

Um quilómetro e meio para Sul, a Baía de Navarino, onde aconteceu a última grande batalha naval entre veleiros (envolvendo russos, ingleses, franceses e otomanos). Dois milénios e meio antes, quando o local tinha o nome menos veneziano de Pylos (hoje ainda por ali está uma cidadezinha assim chamada), hoplitas espartanos entregaram-se vivos pela primeira vez na sua história, encurralados pela armada ateniense na ilhota de Sfakteria. Olhe para a foto: pode ver a ilha, ofídica, na linha do horizonte. Desonra e vergonha. A Guerra do Peloponeso podia ter acabado ali, mas tanto não cabia nas contas das Moiras. Atenas tinha crescido bicéfala. Um palácio de Cultura para todos os gregos; e um monstro imperialista que os restantes helenos, aliados incluídos, abominavam.
 
(Foto José Bandeira)

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