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Delito de Opinião

As soluções da direita

Teresa Ribeiro, 21.05.12

Confrontada com o colapso iminente das economias que se propôs regenerar e com a incapacidade de avançar com soluções compatíveis com a sua cartilha ideológica, a direita liberal tem agora dez preocupações essenciais:

 

1 - Descredibilizar a esquerda, argumentando que foi a sua política despesista que nos trouxe até aqui.

2 - Descredibilizar a esquerda omitindo as responsabilidades que a direita também teve no passado no agravamento do défice orçamental.

3 - Descredibilizar a esquerda argumentando que a senhora Merkel tem as costas largas.

4 - Descredibilizar a esquerda frisando que países falidos não têm capacidade negocial.

5 - Descredibilizar a esquerda sustentando que o que a esquerda quer é recuperar o poder a qualquer preço.

6 - Descredibilizar a esquerda garantindo que o senhor Hollande não vai fazer a diferença.

7 - Descredibilizar a esquerda referindo que é irrealista tentar afrontar os mercados.

8 - Descredibilizar a esquerda desvalorizando as críticas feitas ao poder financeiro.

9 - Descredibilizar a esquerda repetindo que as suas propostas para o crescimento económico não são viáveis.

10 - E não apresentar outras.

8 comentários

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    Teresa Ribeiro 21.05.2012

    1 - Os governos de direita fizeram a diferença, ou agravaram o défice também? E os "problemas estruturais" também foram obra exclusiva da esquerda? Hum...

    2 - Pois foi.

    3 - Tem as costas largas (admito) mas as vistas curtas também.

    4 - Pouca sempre é mais que nenhuma. O argumento é usado para justificar uma submissão que em nada dignifica os governantes que supostamente são mandatados pelos povos para lutar pelos seus interesses.

    5 - Diz o roto ao nu, porque te vestes tu.

    6 - A ver vamos. Haja esperança.

    7 - Refiro-me ao poder das agências de notação, insistentemente questionado sobretudo pela esquerda.

    8 - De acordo, mas também repôr a ordem natural das coisas: é a economia real que deve ser o motor da Economia, não as finanças.

    9 - Quero ver.

    10 - Aceitar a correcção proposta pela esquerda às políticas de austeridade? Acho lindamente.

  • Bolas, agora não tenho para grandes respostas e só vou estar de volta logo à noite mas, ainda assim, dois ou três pontos:
    7 - O quê, exigir que da próxima vez não sejam optimistas durante tanto tempo?
    8 - Economia real é inventar ainda mais dinheiro?
    E, já agora, também acho que governos que aumentaram significativamente o peso do Estado dificilmente podem ser chamados de liberais. Chamem-lhe "direita estatista" ou qualquer coisa assim...
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    Teresa Ribeiro 22.05.2012

    7 - Não, Jaa. O que se discute é a necessidade de acabar com o absurdo de andar a reboque dos "mercados" e se houver vontade política é possível limitar a sua influência.

    8 - Falo da economia real (a que produz bens e serviços).

    Este governo pode ser muita coisa, mas não é estatista, Jaa.
  • 7 - Escreveste que te referias ao poder das agências de notação. Ora o que os Estados parecem querer é que elas sejam optimistas (criticando-as simultaneamente por terem sido demasiado optimistas no passado). Eu continuo sem perceber o que a esquerda pretende. Daí a minha pergunta.

    8 - Mas, aparentemente, a solução desejada (a tal que até evitará que os Estados andem "a reboque dos mercados") é colocar o BCE a imprimir dinheiro. Isso só deixará ainda mais longe a correspondência entre o que existe (bens físicos) e os fluxos de dinheiro em circulação. Fazer um ajustamento para a economia real é, infelizmente, aceitar uma correcção para baixo, não inventar dinheiro.

    Não tinha percebido que, ao mencionares a "direita liberal" no início do teu post, te referias apenas a este governo. Pensei que estavas a ser mais genérica. Ou seja: não julgo que quem nos trouxe aqui tenha sido a "direita liberal" (mas sobre isso sou capaz de escrever qualquer coisa). Quanto a este governo, a minha opinião é de que talvez gostasse de ser liberal mas que, na prática, age como um bombeiro apontando a agulheta para todos os lados.
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    Teresa Ribeiro 23.05.2012

    7 - O que a esquerda pretende é mais regulamentação para a economia financeira. Vês algum problema nisso?

    8 - Não sei se a solução desejada terá necessariamente de passar por isso. Não sou especialista em economia. Mas como leiga no assunto e parte muito interessada na matéria, parece-me de bom senso aliviar a pressão descendo juros e prolongando prazos de pagamento aos Estados devedores. Os eurobonds também me parece boa ideia, não percebo porquê tanta resistência. Em economia o oxigénio não é composto apenas por notas frescas.

    Só este governo hasteou sem medos a bandeira liberal. Sim, reconheço que não tem tido margem de manobra para fazer as coisas como queria. Até ao momento só nos deu o pior da sua receita (precariedade no trabalho e cortes nos apoios sociais) e o pior do modelo a que se opõe (aumento de impostos).
  • Só mais uma coisa sobre a esquerda e a regulamentação: os bancos têm vindo a ser obrigados a reforçar capitais, numa tentativa de que possam suportar eventuais perdas sem terem de ser salvos pelos Estados. Estaremos de acordo que é uma boa ideia. No entanto, ao mesmo tempo, a esquerda critica-os por não estarem a financiar a economia. Das duas, uma: ou se reforça a regulamentação, ou se permite um nível de risco superior e se liberta mais dinheiro para apoiar a economia. Estas exigências contraditórias não fazem sentido.
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    Teresa Ribeiro 23.05.2012

    Percebo e não sei o que te diga. E o problema é que estou bem acompanhada. Há muita desorientação, à esquerda e à direita, mas a verdade é que o remédio que a direita nos está a dar já se viu que não resulta, de modo que alguma flexibilidade, humildade e concertação agradecia-se. Mas não é o que se vê.
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