Custa
Como está difícil, de repente, o reconhecimento de qualquer direito relacionado com o estatuto de profissional do Estado, antigamente tão fácil e automático. Isto é, baseado numa condição laboral honesta, transparente e sindicável. E ainda na boa-fé distributiva.
Dou um exemplo: pedir um cartão da ADSE para um filho que não usufrui de outro sistema de saúde.
Elementar, meu caro Watson. - Certo? Concedido e carimbado, como os ovos.
Mas não.... espera-nos um calvário. Uma máquina desconfiada, cínica e obtusa.
E eu pergunto-me, inevitavelmente: - Para que desconto, descontei e descontarei, se parece que essa contribuição não existe e me tratam como se exigisse uma mordomia?
Encarniço-me contra os hipócritas que clamam contra o fim do Estado Social, no sentido em que não é legítimo eleger este ou qualquer Governo do século como "o culpado".
É uma desonestidade intelectual, claro.
Desde que eu entrei na vida activa (já lá vão quase 30) li e estudei e desenvolvi aplicadamente, em exames de cursos de formação que fiz, obedientemente, as previsões deste fim.
Os cenários negros bailaram-me debaixo dos olhos em milhentos profetas da desgraça, cientificamente acreditados. Transmiti-as em aulas que dei. Fui avisada. E avisei.
Portanto, é uma hipocrisia fazer de conta que isto é uma opção, quando é uma consequência inevitável.
Mas sofrer na carne a atrofia do dito cujo (Estado Social) custa.
Isso não se aprende nos livros.
(E já agora... - Podem largar-me as canelas? Chega.)