Acabo de saber e ainda me sinto em estado de choque. Qualquer coisa que escrevesse agora, sobre qualquer outro tema, não teria o menor cabimento. Nesta hora tão dolorosa, um beijo terno e solidário à Mãe do Miguel, nossa querida colega de blogue. E um abraço amigo ao Paulo.
Um adeus sentido ao homem culto, corajoso e humano que era Miguel Portas. Ao seus irmãos e, em especial à sua querida mãe, as minhas sentidas condolências. maria
Nunca os pais deveriam ver desaparecer os filhos. Mas a vida, o destino, seja o que for, não assenta neste pressuposto. Nunca fui do BE mas o Miguel (curiosamente o nome do meu filho mais velho) sempre me pareceu um político esclarecido, coerente frontal e sério. À mãe Helena um sentido beijo de condolências. E que o meu Deus receba o Miguel em seu seio.
O Miguel Portas (trato-o assim por sentir certas afinidades de respiração comum) foi uma alma grande e inteira, feita de um corpo de inquietação pelo mais alto das nossas vidas: a justiça, sobretudo para os mais fracos. Os seus gestos públicos, marcados pela inteligência, tolerância, convicção e empenho, são afinal a expressão de um amor apaixonado por um Portugal, que queria livre e fraterno, a sua Mátria a quem serviu de cem maneiras, que foi também uma Pátria em construção no diálogo com o Outro, a Europa, o Mundo. As suas andanças pelo Médio Oriente, que a RTP transmitiu em programas, à procura das marcas que a nossa história aí deixou, apontam assim no mesmo sentido: elas falam de nós quando nos afastámos para além de nós, dão-nos a ver o Outro que já fomos, mas o Outro é o pano de fundo onde se inscreveram os nossos gestos. É assim no diálogo do presente com o nosso passado e de nós com o Outro que se encontra o caminho a trilhar para que Portugal possa hoje reorientar a sua situação debilitada. E é a reafirmação política da Europa que há-de condicionar a nossa reabilitação. Nós assistimos a este compromisso firme, que Miguel Portas traçou até ao fim, entre o destino da Europa na sua conexão orgânica com Portugal. Obrigado, Miguel, por tudo o que fizeste no plano público. Oxalá, bebamos a lição do teu exemplo. Vasco Tomás