EDP, uma empresa cada vez mais humanizada
A EDP podia limitar-se a promover o seu produto. Não é difícil imaginar mensagens adequadas para campanha: dê às suas tomadas uma energia rica em cargas eléctricas (campanha tipo ração para cães), a energia eléctrica da EDP tem uma fina camada de electrões que prolonga a vida útil dos electrodomésticos (tipo detergente), o vento utilizado pelos nossos parques eólicos é 100% natural (tipo sumo de laranja) e por aí fora. Mas não. A EDP não quer apenas promover o seu produto. A EDP é tão extraordinária como as suas (dela) rendas. Por isso, quer-nos vender valores. Para tal, na nova campanha institucional, recorre a filhos de trabalhadores (diz-se colaboradores em edepês) que são quase todos loiros. Como era de esperar numa empresa com operações na Península Ibérica e no Brasil. O nome da campanha é “Pela Energia de Amanhã” e demonstra, dizem, o que a empresa é hoje. E o que é hoje a EDP? Pelo visto, é uma empresa com posicionamento global, postura inovadora e cada vez mais humanizada (sim, alguém pagou a outrem para escrever isto). Meras intenções? Nada disso. A EDP não deixa para amanhã o que pode fazer hoje. Por isso, cortou o fornecimento de energia eléctrica ao Centro de Saúde de Meadela. Que serve cerca de 3.500 seres humanos. Se não fosse cada vez mais humanizada, a EDP poderia ter provocado um pico de tensão de que resultasse o estoiro do frigorífico onde se guardam as vacinas para as crianças ou da máquina de raio X com que se avalia a evolução da osteoporose das velhinhas. Mas a EDP limitou-se a cortar a corrente. Poupou, assim, os utentes ao susto, à comoção e, quem sabe, às quebras de tensão. Se dúvidas houvesse, estão definitivamente afastadas. A EDP é uma empresa coerente com os valores que nos quer vender. O Emerson é o melhor jogador da equipa da Luz. E o Mexia e o Catroga são uns génios. Da lâmpada.