Pelo Inglês como idioma oficial de Portugal
Uma vez que o que importa em todo o imbróglio do acordo ortográfico é a "estratégia", então eu sugiro que se leve a questão "estratégica" até às últimas consequências, e se adopte a língua inglesa como idioma oficial de Portugal. Bem vistas as coisas, no mundo de hoje não há idioma mais estratégico:
- Há mais países - e muitas mais pessoas - a falar inglês que português.
- O inglês assume hoje a qualidade de um idioma franco, falado em praticamente qualquer lugar, das maiores cidades do mundo aos sítios mais inóspitos, do Pólo Sul à Estação Espacial Internacional.
- O inglês é, para todos os efeitos, o idioma da Internet e das tecnologias de informação e comunicação - e estas constituem o futuro.
- O inglês é facílimo de aprender, e as gerações mais novas, graças à Internet, ao cinema, à televisão e aos videojogos, aprendem o idioma com grande facilidade.
- Livres do português, os currículos escolares podem dedicar-se ao ensino de idiomas estrangeiros realmente estratégicos e relevantes, como o espanhol ou o mandarim (este último pode vir a ser muito útil para decifrar as facturas da electricidade).
- O mercado editorial de língua inglesa é incomparavelmente mais vasto que o português. Para quê estarmos preocupados com a "estratégia" de publicar livros no Brasil quando podemos, ao invés, publicá-los nos Estados Unidos, no Canadá, na Austrália, e, enfim, em todo o mundo, do Chile à Papua - Nova Guiné, através da Amazon?
- Acabavam-se as traduções de merda que muitas editoras portuguesas fazem, sobretudo nos géneros do Fantástico.
- Os restaurantes algarvios deixariam de precisar de colocar letreiros em Agosto a dizer "Portuguese is spoken here", pois o português tornar-se-ia desnecessário - toda a gente falaria inglês. Com jeitinho e alguma sorte, talvez até passassem a falá-lo melhor.
- Deixaríamos de usar termos do ridículo "portuguesing" em conversas de finanças, negócios e tecnologias. Zeinal Bava ficaria radiante.
- Facilitaríamos a vida a todos os turistas que recebemos e queremos receber.
- O "engrish" é hilariante.
De qualquer forma, aprendemos nos comentários a estes posts que:
- A etimologia não interessa para nada;
- Como no passado outros iluminados burocratas - temos, para mal dos nossos pecados, mais burocratas iluminados em terra do que sardinhas no mar - já abastardaram o idioma, não há qualquer problema em fazê-lo agora, e as vezes todas que lhes der na telha. Basta que um desses cabrões acorde para aí virado;
- Os opositores ao acordo são os Velhos do Restelo do presente;
- O que move os opositores do acordo é o "ódio ao Brasil".
I rest my case. Sem itálicos, que com a adopção do inglês deixam de ser necessários.