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Delito de Opinião

Os Meus Carros (3)

João Carvalho, 16.03.12

 

Não me lembro exactamente quando entraram lá em casa, mas lembro-me de que um dos NSU Prinz 1000 tinha uma matrícula que começava por DA.

Eram versões desenvolvidas dos 1000 anteriores. O primeiro foi o 1000S. Com aquela carroçaria de veículo híbrido típica dos Prinz — a frente e traseira quase iguais — parecia feito para ser carro de bispo, branquíssimo por fora e vermelho por dentro.

Um dia, ainda novinho, foi levado para uma revisão na marca e nunca mais voltou: ao sair da oficina pela mão de um experimentador, apanhou na parte de trás com outro carro que passava e ficou muito danificado. Definitivamente. Resultado: ao fim de inexplicavelmente difíceis negociações, a marca acabou por entregar um 1000C, que tinha começado a substituir o S.

Os Prinz 1000 eram rápidos. Mas o nervosismo da máquina traduzia-se no permanente cheiro a gasolina que exalava e este, por seu turno, reflectia-se no consumo exagerado que nem a condução mais suave conseguia moderar. Por isso, também o 1000C não ficou lá por casa muito tempo: antes de entrar para a história da família, foi rejeitado e trocado por outro automóvel muito diferente.

Assim, sem história, um dos NSU ficou apenas para a minha história própria, porque eu era ainda muito novo (14 ou 15 anos, talvez) e foi nele que me sentei pela primeira vez ao volante, pus o motor a trabalhar, engatei a primeira, arranquei, dei a volta completa ao quarteirão e regressei ao ponto de partida, onde estava a minha mãe com mais gente incrédula de boca aberta perante o meu feito.

 

 

Na verdade, eu nunca conduzira antes. Apesar do meu notório interesse por carros, a família não alimentava tais atrevimentos para evitar asneiras de que todos se arrependessem e, portanto, houve grande espanto por eu ter conseguido conduzir sem ter quaisquer antecedentes. Sozinho, tive ocasião de aplicar tudo o que costumava ver fazer com extraordinária atenção.

 

 

De resto, os NSU 1000 nem ficaram nas nossas memórias familiares, porque passaram fugazmente lá por casa e não deixaram saudades. Como disse, o 1000S morreu de morte súbita e o 1000C não tardaria a ser trocado por um carro totalmente diferente, mas isso é outra história para outra vez.

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