Hoje a Grécia, amanhã Portugal.
E infelizmente também se está a ver que Portugal vai pelo mesmo caminho. Apesar de a comunicação social ontem ter propagandeado que a troika estaria muito satisfeita com Portugal, qualquer observador minimamente atento repararia nos sinais que foram transmitidos. Hoje, como eu já esperava, veio o comissário europeu para os assuntos económicos, Oli Rehn, exigir a Portugal que redobre os esforços que está a fazer, o que obviamente significa que não estão a ser considerados suficientes.
Quanto a Passos Coelho, limita-se a justificar a situação com a herança do anterior Governo. É evidente que o anterior Governo tem muitas culpas no cartório, mas já era mais que altura de abandonar este discurso. Há uma velha anedota referindo que um Primeiro-Ministro, antes de tomar posse, pediu ao seu antecessor que lhe explicasse como deveria agir nos períodos de maior crise. Ele responde-lhe: "Não se preocupe. Deixei na sua secretária duas cartas em envelopes fechados que só deve abrir nas alturas de maior aflição". Num desses períodos ele abre a primeira carta que diz apenas: "Culpe o governo anterior". Ele assim faz e consegue elidir a contestação que estava a sofrer. Passado algum tempo volta a passar por um período de aflição e abre a segunda carta. Esta diz apenas: "Escreva duas cartas iguais a estas".
Começo a recear que em breve a União Europeia esteja a propor também um comissário europeu para Portugal.