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Delito de Opinião

O Tratado Orçamental.

Luís Menezes Leitão, 28.02.12

 

Não era possível haver nada mais espantoso neste quadro de subjugação total dos países da União Europeia aos ditames do eixo franco-alemão que a apresentação por estes de um tratado orçamental que todos os outros Estados deveriam assinar. O tratado orçamental, ao reforçar a componente intergovernamental, viola claramente os tratados da União Europeia, tirando completamente o tapete à comissão, enquanto guardiã desses mesmos tratados, assumindo o cariz de um Diktat alemão. Não espanta, por isso, que o Reino Unido tenha decidido desde o início ficar de fora, por muitas críticas que a atitude de Cameron tivesse merecido. Depois a República Checa, talvez recordando a submissão de Bénes aos acordos de Munique, também veio dizer que não aceitava esse tratado. Agora é a Irlanda, país submetido à "ajuda externa" mas que muito valoriza a sua independência, conquistada à custa de muitos sacrifícios, que vem sujeitar o tratado a referendo, onde obviamente não passará. Já a atitude de Portugal é elucidativa. Primeiro aboliu os feriados nacionais que comemoravam a independência do país e o regime republicano, para que ninguém continuasse a pensar que ainda vivia num país soberano. E agora vai dar o seu acordo de cruz a este tratado orçamental. A questão é que, como refere aqui Wolfgang Münchau, esse tratado na melhor das hipóteses é desnecessário e na pior é altamente perigoso e até pode levar a uma explosão da dívida na zona euro. A meu ver, o tratado ameaça mesmo destruir toda a estrutura laboriosamente construída que tem servido de base à União Europeia. Durante quanto tempo continurão os líderes europeus a brincar com o fogo?

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