Agora que está demonstrado para todos a armadilha que foi o euro, convém recordar quem é que teve a inteligência de deixar o seu país fora dessa embrulhada. A senhora Thatcher bem sabia que o Parlamento não poderia entregar toda a sua política monetária a uma instituição externa, que obviamente não decidiria em favor dos interesses dos cidadãos britânicos. Como ela bem diz, a decisão de aderir à moeda única só pode ser tomada uma vez, e implica uma perda total de soberania, que os deputados ingleses não tinham o direito de fazer ao seu Parlamento, em prejuízo dos futuros eleitos. Passados todos estes anos, e perante o iminente colapso do euro, está à vista quem tinha razão. O que nos faltou em Portugal foi sempre políticos que não fossem atrás de qualquer imposição europeia e soubessem também dizer: "Não, não e não".
Luís: a publicidade não era enganosa, no sentido em que existiam critérios que deviam ter sido cumpridos e não foram. Talvez se revelassem, ainda assim, insuficientes mas lembro-me bem de como muitos (à esquerda, em particular, mas também à direita) os apelidavam de estúpidos, dizendo que era preciso «investir» e «combater o ciclo económico» e mais o não o sei o quê (no fundo, muito do que se continua a dizer hoje), acabando com isso por levar à sua flexibilização - e a um mais rápido caminho até à situação actual.