Agora que está demonstrado para todos a armadilha que foi o euro, convém recordar quem é que teve a inteligência de deixar o seu país fora dessa embrulhada. A senhora Thatcher bem sabia que o Parlamento não poderia entregar toda a sua política monetária a uma instituição externa, que obviamente não decidiria em favor dos interesses dos cidadãos britânicos. Como ela bem diz, a decisão de aderir à moeda única só pode ser tomada uma vez, e implica uma perda total de soberania, que os deputados ingleses não tinham o direito de fazer ao seu Parlamento, em prejuízo dos futuros eleitos. Passados todos estes anos, e perante o iminente colapso do euro, está à vista quem tinha razão. O que nos faltou em Portugal foi sempre políticos que não fossem atrás de qualquer imposição europeia e soubessem também dizer: "Não, não e não".
O euro não foi nenhuma "imposição europeia" para Portugal. Os outros países do euro teriam com alegria prescindido da adesão portuguesa. Portugal aderiu ao euro, não porque tal lhe fosse imposto ou sequer pedido, mas sim porque os políticos (e o povo) o quiseram. Porque o euro permitiria (e permitiu) uma data de anos dourados, de baixa inflação e baixas taxas de juros, que fez muito jeito a montes de gente.
Luís: a publicidade não era enganosa, no sentido em que existiam critérios que deviam ter sido cumpridos e não foram. Talvez se revelassem, ainda assim, insuficientes mas lembro-me bem de como muitos (à esquerda, em particular, mas também à direita) os apelidavam de estúpidos, dizendo que era preciso «investir» e «combater o ciclo económico» e mais o não o sei o quê (no fundo, muito do que se continua a dizer hoje), acabando com isso por levar à sua flexibilização - e a um mais rápido caminho até à situação actual.
Tem razão Luis. Mas quando alguns - entre os quais me incluo -, apontaram os riscos da nossa adesão à moeda única foram chamados de reaccionários. Pude bem com isso e não me calei. Mas mandaram-me calar. O resultado está à vista...
O director da publicação onde eu "opinava", rapaz esperto e que se alcandorou a outros voos. Não me fez mossa, porque fui opinar para outro lado. Mas podia ter feito... se eu fosse medrosa.