Gosto da Fernanda. E depois?
Declaração de interesses - Nunca votei em Sócrates; o PM provoca-me urticária; em minha opinião, Sócrates traiu a confiança de muitos que nele votaram; gosto de Fernanda Câncio que “conheci” em Macau, através da “Grande Reportagem”; admiro o seu profissionalismo e a sua combatividade, embora por vezes discorde das suas opiniões.
Posto isto, apenas quero dizer o seguinte:
1) O artigo de Carolina Reis no “Expresso” é um nojo;
2) Um jornal que puxa para primeira página um artigo sobre uma jornalista, fazendo referência ao facto de ser namorada do PM, é um tablóide;
3) Admito que haja jornalistas no DN incomodados com as posições de Fernanda Câncio mas, se eu fosse jornalista do DN, estaria muito mais preocupado por ver colegas minhas serem despedidas, enquanto estão em licença de maternidade;
4) Se fosse jornalista do DN ter-me-ia solidarizado com os colegas despedidos;
5) Se fosse jornalista do “Expresso” teria criticado o artigo de Carolina Reis;
6) Sendo jornalista, preocupa-me constatar que a comunicação social anda há quatro anos a levantar suspeitas sobre o PM do meu país, que já foi condenado em praça pública, sem que se conheça qualquer acusação formal;
7) Como jornalista e cidadão estou mais interessado em julgar Sócrates pelos erros de governação do que em andar atrás das declarações de magistrados do MP sobre o caso Freeport;
8) Como jornalista e cidadão, estou mais interessado em perceber as causa do atraso da justiça deste país e o comportamento de alguns dos seus agentes do que especular sobre um único caso, dando ouvidos e voz a pessoas cuja credibilidade e interesses colaterais me levantam sérias dúvidas;
9) Como jornalista estou-me marimbando se Fernanda Câncio é namorada, filha, enteada ou madrasta de Sócrates, porque a única coisa que me interessa no jornalismo é a investigação e não o folclore popularucho;
10) Como jornalista, não deixaria de investigar casos como o de Benavente, ou do BPN, só porque o que está a dar é “malhar” no PM;
11) Como jornalista, sei que o caso Freeport dá um grande jeito à oposição mas, como não tenho a memória curta, sei que se o PSD vencer as eleições em Outubro os jornalistas (que entretanto não se desviem para os “aliciantes” cargos de assessores de imprensa do governo laranja) vão ter saudades de Santos Silva;
12) Como jornalista solidarizo-me com Fernanda Câncio, porque acredito que o único interesse dela seja a procura da verdade. Não acredito que o facto de ser namorada do PM a desvie do seu caminho e acho muito bem que, quando toda a imprensa tenta culpabilizar Sócrates, ela utilize os meios de que dispõe para fazer acusações a um tipo de jornalismo que ela (como eu) detesta, por ser a negação da profissão.
Teria sido mais fácil calar-me sobre este assunto ou cavalgar a onda dos que na comunicação social e na blogosfera criticam Fernanda Câncio. Uns fazem-no por inveja, outras por despeito, outros ainda apenas "porque sim".
Acontece que, desde sempre, tive tendência para estar do lado do elo mais fraco, do lado de quem serve de saco de boxe a quem necessita de aliviar as frustrações. Nunca gostei de meninos(as) que integram os coros só para poderem fazer ouvir a sua voz.