A Literary Review deu justa fama aos Bad Sex in Fiction Awards, que testam anualmente a benevolência dos notáveis  — em 2010 Jonathan Franzen integrava a shortlist, e em 2009 o prémio foi concedido a Jonathan Littell. Não sei se algum deles reconheceu com brio a ambígua distinção.

 

Até hoje não vi explicado porque é que os bons escritores enchem parágrafos atrás de parágrafos com falos erectos e entumescidos. Arrisco pensar que talvez os homens se concentrem demais na mecânica do acto sexual. Ou talvez o seu talento seja perturbado por uma rejeição ansiosa da pornografia. Ou então existe uma incompatibilidade entre os centros nervosos responsáveis pela estética e os que se encarregam de desembaraçar a líbido.

 

Agora, por um motivo desconhecido, pensei noutra coisa: que o mau sexo, na literatura, provém de um conhecimento prático mas irreflectido do desejo. Qualquer palerma se deixa seduzir por uma adolescente de mamas grandes, e nenhuma cabeleireira resiste a um macho alfa com boa estrutura óssea. Mas Anita Brookner descreve-nos, num dos seus livros, uma mulher que olha para o espelho e se espanta por ter ainda admiradores. A imagem que ela vê é a de um corpo desmaiado, que ficaria melhor numa revista de medicina do que num boudoirEppur si muove.

 

Ou seja, o que falta à má literatura sobre sexo não é estilo, é insight e reflexão.