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Delito de Opinião

Olhar de leiga

Leonor Barros, 17.01.12

O mundo insondável do futebol é isso mesmo, insondável. Para quem como eu continua a ver vinte e dois vestidos de cor diferente, é certo, mas ainda assim vinte e dois homens a correr atrás de uma bola, sem grande noção de passes, trivelas e outros truques de magia, o futebol é um mundo hermético. Um universo cheio de subtilezas mau grado a virilidade dos rapazes, prenhe de códigos a serem decifrados e dotado de uma linguagem muito própria. Acresce a tudo isto um código de conduta estranho onde dar uma opinião pode ser punido sem grandes pruridos, atitude que se transferida para uma outra esfera social seria assunto para uma infinidade de posts, acusações, refilanços, vozes que se ergueriam gritando Delito de opinião! No futebol não. É proibido criticar o mister, ou lá como chamam os senhores da bola, os guardiães da rapaziada, os feiticeiros das técnicas e tácticas. Assim sendo quem ousa proferir aquilo que para mim seria um reparo no mundo do futebol é um crime de lesa-mister. Os rapazes calam-se tementes. E depois há as entrelinhas. As 'bocas' que são mandadas para o balneário, esse mundo oculto onde, ao que parece, muito se passa e onde para mim se reúne a rapaziada em trajos menores.

Mas o que me traz aqui foi fruto da observação directa, pura observação dos misters que se me entram pela casa fora de vez em quando. De norte a sul, os misters são rapazes carrancudos a quem raramente se vislumbra um sorriso. Quer ganhem quer percam têm quase sempre o sobrolho franzido, uma carranca de poucos amigos, um ar de enfado e respondem às perguntas com esgares condoídos. É preciso mostrarem sempre aquelas caras? Estão zangados com o mundo? O futebol dói?

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