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Delito de Opinião

Changeling (2)

José Gomes André, 14.01.09

 

 

Num filme que envolve o desaparecimento de um filho, o assassinato de uma vintena de crianças, o internamento da heroína e uma execução capital – entre outras situações de grande carga emotiva – não existe uma única cena sentimentalista, um único diálogo lamechas, um único plano que procure apenas chocar o espectador. Pode parecer simples, mas muitas vezes o grande desafio para um realizador – especialmente num drama deste género – é não ceder à tentação de enfeitar uma cena, carregar na banda sonora ou introduzir aquela tirada que pura e simplesmente apele à lágrima fácil.

O que impressiona no cinema de Clint Eastwood é pois a sua espantosa contenção e sua capacidade para contar uma história brutal sem nunca forçar o ritmo, a interacção das personagens ou o movimento das câmaras. Eisenstein dizia que só lhe interessava o cinema necessário; cenas com propósitos decorativos tenderiam a desvirtuar a essência do que se pretendia contar através das imagens. Eastwood é o herdeiro deste cinema puro, onde habita um raro dramatismo e ferocidade psicológica sem cedências a adornos simplistas ou artifícios emocionais.

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