Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

O que ando a ler (21)

Cláudia Köver, 13.01.12

 

Escolhi o livro não pelo título, autor ou imensa vastidão de páginas, mas porque insisto em ler em alemão e foi esta a obra que a minha mãe me colocou na mala antes de eu partir para Istambul. O tempo para a leitura foi escasso, mas a obra “Comboio Nocturno para Lisboa” de Pascal Mercier fez me companhia em algumas noites de insónia. Não o terminei, nem a meio estou. Não por desgostar mas por falta de tempo e dedicação.

O livro inicia-se com uma fuga irracional (ou um acto de coragem dependendo do leitor) para a cidade de Lisboa. Um breve instante na vida do protagonista leva-o a arrancar-se da sua monotonia em Berna e a embarcar numa viagem que o levará a questionar todo o seu estilo de vida e decisões tomadas até então (a forma como viveu as discussões coma sua ex-mulher, a forma como exercera a sua profissão, etc.) Trata-se de um homem invulgarmente inteligente com fracas capacidades sociais e pouca vontade de mudar, que num dia chuvoso se encontra numa situação invulgar e encantadora. A busca por uma mulher portuguesa deixa o cair nos braços de uma obra de Amadeu Inácio de Almeida Prado, escritor português que falecera 30 anos antes, em 1975. O homem míope e que fugia a tudo - exactamente por se negar à evasão e se afundar na leitura dos seus amados livros - dá corpo ao terceiro romance deste autor suíço. A obra foi traduzida em 15 idiomas, tendo sido um grande sucesso na Alemanha, mantendo-se no top durante três anos. Um autor apaixonado por Pessoa, cujas descrições “thrillescas” nos levam a uma Lisboa mística que reflecte bem a sensação que tantos visitantes dizem ter ao visitarem a nossa capital, e que nós – por termos o privilégio de aqui vivermos – tantas vezes escolhemos ignorar.

Não sei o que me espera nos próximos dias em Lisboa (no livro, digo eu), mas sei que sempre que estou “lá por fora” sinto a falta desta cidade e de muita coisa que se representa neste livro: o vintage, o velho, o local remoto, romântico e por vezes esquecido e abandonado pelos seus próprios habitantes.

 

Espero que o Fernado esteja mais dedicado à leitura do que eu!

8 comentários

Comentar post