Facto internacional do ano
AS REVOLTAS NO MUNDO ÁRABE
Tudo começou na Tunísia, logo no início do ano. A 14 de Janeiro, caía Ben Ali, que governava ditatorialmente a Tunísia desde 1987. A 11 de Fevereiro, outro general-ditador era derrubado igualmente por um fortíssimo movimento popular: Hosni Mubarak cessava enfim as funções de presidente do Egipto, após 30 anos de poder tirânico. Quatro dias depois, começava na Líbia outra revolta que seis meses mais tarde conduziria ao fim do regime do coronel Muammar Kadhafi, iniciado em 1969. Outros países árabes, como o Iémene e a Síria, foram também varridos por gigantescas manifestações de rua contra poderes opressores. E as monarquias marroquina e jordana viram-se forçadas a fazer reformas políticas.
A democracia chega enfim ao Magrebe e ao Médio Oriente? É cedo para avaliar, embora na Tunísia tenha já ocorrido a primeira eleição democrática desde a independência do país, em 1956 -- uma eleição que ocorreu de forma transparente, pacífica e muito participada. Este movimento, que muitos analistas baptizaram de 'Primavera árabe', foi o acontecimento político internacional de 2011 segundo a maioria dos membros do DELITO DE OPINIÃO, com 15 votos. Em segundo lugar (quatro votos) ficou a crise do euro, sob o espectro do colapso financeiro da Europa que alguns prevêem e outros nem por isso. O tsunami no Japão, que causou pelo menos 15 mil vítimas mortais, foi igualmente mencionado (dois votos), tal como a designação do fado como património imaterial da humanidade (um).
Em 2010, o facto internacional do ano para nós tinham sido as revelações da WikiLeaks.