As estradas, as estradas.
Ana, entendamo-nos. Para alguém que — como eu — nem sequer tem carta de condução, o que se passa nas estradas portuguesas é um genocídio. Pior que isso, é uma orgia de parolos montados em altas cilindradas, psicopatas do tuning e espectadores da TVI.
Só que não é isso que estou a discutir. O que estou a discutir é se um responsável de uma força policial pode invocar a falta de cooperação dos mortos para sacudir a água do capote quando o confrontam com os resultados de uma acção que é e deve ser avaliada por nós. Na minha opinião, não pode. E já devia estar no olho da rua.
Repito, aliás, o que escrevi no post anterior: muitas das vítimas não são os maus condutores. Muitas das vítimas são apenas isso: vítimas, que tiveram o azar de levar com um bêbado em cima. Sugerir que a culpa é delas talvez não seja a melhor maneira de respeitarmos os mortos ou de resolvermos os problemas da sinistralidade.
Mas permitir que um incompetente qualquer de uma instituição pública encarregada de manter a ordem se safe com esta aisance de nos explicar onde falhou é um convite para que nunca mais alguém seja responsável pelo que quer que seja neste país.
O Estado tenta? Pelos vistos tenta pouco.