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Delito de Opinião

Chávez, o fim da vida em Marte e os drones que provocam cancro

Rui Rocha, 29.12.11

Hugo Chávez, o tiranete que, com a lucidez que o caracteriza, admitiu no passado que a vida em Marte possa ter sido destruída pelo sistema capitalista, especula agora sobre a possibilidade de os EUA terem desenvolvido um método para provocar cancro nos líderes da América latina (a doença foi também diagnosticada a Lula, Rousseff, Lugo, Kirchner e, quem sabe, a Fidel Castro). Embora não tenha aprofundado a questão no que diz respeito ao método utilizado, não é difícil imaginar um esquadrão de drones, apetrechados com armas que disparam raios cancerígenos e invisíveis e que, com precisão cirúrgica, atingem os corpos dos líderes progressistas daquelas paragens. Enquanto tudo isto se passa na cabeça de Chávez, há entretanto um aspecto que importa realçar como dado da realidade (e não apenas como elemento de teorias da conspiração mais ou menos delirantes): ninguém como Chávez, e numa segunda linha, como os outros líderes da América latina referidos, adoptou de forma tão despudorada um comportamento de aproveitamento político da doença. É evidente que a doença de Chávez, para o tomarmos como exemplo, é um assunto fundamental para a Venezuela. Sem Chávez não há chavismo. Uma doença grave do autor de tal programa político pode implicar uma mudança fundamental da situação do país. O que está em causa, todavia, é transformar uma doença real numa encenação teatral destinada a fortalecer a posição do tiranete e a abafar a oposição interna. Fazer de uma doença um golpe publicitário não é, na Venezuela, uma cabala perpetrada pelos inimigos do socialismo populista e delirante de Chávez. É o exemplo último da farsa em que Chávez converteu o debate político no seu país.

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