Filmes e jornais
Acontece-me cada vez com mais frequência. Ainda hoje aconteceu: estar numa sala de cinema sem mais ninguém em redor. Hoje a sessão das 13.50, num cinema de Lisboa, só aconteceu porque comprei o único bilhete para toda a sala. É óbvio que os actuais hábitos de consumo estão a condenar as salas de cinema à extinção a curto prazo. Tal como estão a condenar sucessivos jornais a fechar de vez. Já imagino até os ares pesarosos e as palavras de imensa comiseração que muita gente soltará quando se fechar a última sala de cinema e se extinguir o último jornal, acusando a sociedade de consumo, a “crise”, o sistema capitalista e sei lá que mais de ter destruído os sacrossantos marcos da arte, da cultura e da informação. Mas as perguntas podem e devem ser dirigidas a nós próprios: Há quanto tempo não vais a uma sala de cinema? Há quanto tempo não compras um jornal? Um filme que se vê num DVD doméstico nada tem a ver com a experiência única de seguir um filme em ecrã panorâmico, na sala escura, totalmente concentrado no que se passa na tela. Um jornal lido na Net não substitui, de modo algum, a leitura em papel impresso.