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Delito de Opinião

Pelo menos os efeitos especiais serão bons

João Campos, 08.12.11

Se há um realizador de cinema a quem costumo dar porrada verbal regularmente, esse realizador é Roland Emmerich. É claro que gostei de Independence Day quando o vi na minha já distante pré-adolescência, mas daí para a frente pareceu-me que o homem andava a repetir a mesma história em todos os filmes que se seguiram, com o único propósito de estoirar o orçamento em efeitos especiais para mostrar as grandes cidades do planeta - sobretudo as norte-americanas - a serem destruídas. Basta conferir: em Independence Day (1996), uma civilização extra-terrestre hostil chega à Terra e destrói metodicamente as principais metrópoles humanas, com destaque (naturalmente) para as americanas; em Godzilla (1998), uma iguana mutante gigantesca anda a espezinhar tudo o que pode em Nova Iorque; em The Day After Tomorrow (2004), uma catástrofe climática congela, se bem me lembro, o Hemisfério Norte; e em 2012 (2009), bom, não sei ao certo porque não vi o filme, mas considerando a inspiração e os teasers, deve ter sido para aí tudo isto misturado. Enfim, há aqui um padrão claro.

 

No entanto, há dias vi, no programa de cinema da RTP2, Emmerich a ser entrevistado pelo nosso Mário Augusto, e fiquei surpreendido com duas coisas: a primeira, com o seu sentido de humor, capaz de gozar com a sua própria filmografia; a segunda, com o seu filme mais recente, Anonymous, sobre a possibilidade de Shakespeare ter tido um ghost writer - e não, a Londres shakespereana não é invadida por extraterrestres ou devastada pelas profecias do Al Gore. Não sei se o filme é bom ou mau, (o trailer está interessante, e a fotografia parece ser muito boa) mas também fiquei a saber entretanto - a curiosidade deu origem a uma rápida pesquisa - que o senhor tem também no seu currículo The Patriot (2000), com Mel Gibson, que não sendo uma obra-prima não é de todo um mau filme, e Stargate (1994), um filme muito interessante que acabou por dar origem a uma das melhores séries televisivas de ficção científica da minha geração (Stargate). Já é qualquer coisa.

Tudo isto para dizer que quando soube que os direitos de adaptação cinematográfica da série de ficção científica Foundation, de Isaac Asimov, estavam com Emmerich, fiquei decepcionado. Os livros são formidáveis, e certamente mereceriam um realizador à altura: um Spielberg, talvez, apesar de a melhor opção ser provavelmente Ridley Scott. Roland Emmerich está obviamente vários furos abaixo de ambos; no entanto, e apesar de algumas catástrofes cinematográficas (em ambos os sentidos), não será o pior realizador que anda por aí (continua alguns furos acima de Michael "Explosions! More explosions!" Bay). Talvez haja esperança para esta produção, caso se concretize.

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