Parem a montanha-russa
A redução dos salários ocupou o espaço mediático e os fóruns de discussão nos últimos dias. Recordo, a este propósito:
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a questão das folgas orçamentais suscitada pelo PS para defender a possibilidade de salvar um dos subsídios da função pública e dos pensionistas;
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a resposta errática do Governo, ora admitindo a discussão, ora fechando a porta à viabilidade de alteração do orçamento nessa matéria;
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a sugestão, de sentido dúbio, dos elementos da Troika relativamente à necessidade de estender ao sector privado os cortes previstos para os funcionários públicos;
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a revisão das tabelas da função pública lançada para o debate por algum membro do Governo e já arrefecida por outros.
Ora, o que todos os políticos e técnicos responsáveis deviam perceber, representem eles instituições nacionais ou internacionais, é que estamos a falar de assuntos extremamente melindrosos e que provocam consequências graves e profundas na vida das pessoas. Por isso, exige-se a todos (isto é, em primeira linha ao Governo e também à oposição que quer ser credível e aos representantes da Troika) sensatez, contenção e sentido de responsabilidade. Corte-se no que tiver de ser cortado, na estrita medida do necessário. Discutam-se as opções com rigor e seriedade. Todavia, tenha-se também presente que é inadmissível que o debate seja intoxicado, numa matéria tão sensível, com demagogia, oportunismo ou inépcia técnica e comunicacional. Não há modos agradáveis de abordar más notícias. Mas, para que não se prolongue a tortura emocional dos reais ou presumíveis afectados, é obrigatório encontrar formas correctas, claras e concisas de o fazer.