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Delito de Opinião

As novas medidas da troika.

Luís Menezes Leitão, 17.11.11

 

Aqueles que exultaram com o corte de subsídios aos funcionários públicos, fazendo-os ser os bodes expiatórios da crise, vão experimentar a extensão da medida ao sector privado, como é agora exigência da troika. Há uma velha regra que diz que é um erro fazer acordos com crocodilos, no sentido de serem os outros a ser devorados. A única coisa que se consegue é ser devorado em último lugar.

3 comentários

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    Javali 17.11.2011

    Essas noções de "castigo" e "justiça" são interpretações que não são intrínsecas à razão da medida. O PR fez nisto um péssimo trabalho, rapidamente multiplicado e vulgarizado pela horda de comentadores. É tão-somente uma medida de contenção de despesa (que lembremos, é o problema principal) e não um caso de re-organização da sociedade e de esforço colectivo e não-sei-mais-quê. Não me lembro de se falar em equidade quando Sócrates aumentou a FP em 3% para sacar mais votos, por exemplo. Não me lembro de os trabalhadores do privado andarem para aí a falar de marginalização e sentirem-se prejudicados.
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    Luís Reis Figueira 17.11.2011

    Pois são, meu caro Javali, mas a questão é que os rendimentos do trabalho de cada um de nós são apenas e tão só isso, ou seja, quem vive e trabalha honesta e honradamente, não tem que se preocupar se a diminuição do seu salário representa um corte na despesa ou aumento da receita. Tem é que saber apenas que foi contratado para desempenhar uma certa e determinada função em troco de uma certa e determinada remuneração. Nunca vi nenhum funcionário do sector privado preocupado com o facto de saber se o ordenado que lhe é pago pela sua entidade patronal provém da fuga aos impostos, de off-shores ou de negócios menos lícitos. Tudo isso são questões laterais que não lhe dizem respeito directamente, como é evidente. O que ele quer - e a isso tem direito - é que lhe paguem o ordenado que contratou, como qualquer trabalhador, público ou privado.
    E já agora, porque verifico que tem uma memória selectiva bastante apurada, aqui lhe trago o seguinte texto que poderá ajudá-lo a reavivar alguns factos não muito distantes ainda.
    «Em 2013 cada funcionário público ganhará menos 500 euros do que em 2005.»
    «As primeiras medidas de contenção surgiram em 2003 e 2004, com a ministra das Finanças de então, Manuela Ferreira Leite, que decretou um primeiro congelamento de salários acima dos 1000 euros e aumentos nominais magros (abaixo da inflação) para os ordenados mais baixos. Depois, entre 2005 e 2008, já com José Sócrates como primeiro-ministro e Fernando Teixeira dos Santos à frente das Finanças, continuou a política dos aumentos inferiores à inflação. Este governo socialista avançou também com as primeiras linhas de reforma dos serviços públicos, tendo começado a reduzir efectivos, algo que não tinha acontecido até então. A excepção nos ordenados aconteceu apenas em 2009, ano de eleições, com Sócrates a dar um aumento de 2,9% à função pública. Depois, veio a crise a sério. E agora, os sacrifícios maiores.»
    http://www.dinheirovivo.pt/Estado/Artigo/CIECO018187.html?page=0
    Como vê os aumentos que referiu, não surgiram do nada, como pretendeu fazer crer, mas foram, sim, o culminar de uma séria de anos de pesadelo para o funcionalismo publico. Além do mais, como sabe, até já estes deixaram de existir, uma vez que foram completamente 'comidos' pelos recentes cortes de 2010 e 2011.
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