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Delito de Opinião

O realismo mágico na obra de Carlos Zorrinho

Rui Rocha, 16.11.11

Para lá das versões e interpretações jornalísticas, as intervenções dos representantes da troika em discurso directo (podem consultar-se no Económico) e o relatório de acompanhamento hoje publicado salientam os seguintes pontos essenciais:

  • a execução do orçamento de 2011 enfrentou dificuldades inesperadas e o cumprimento do objectivo orçamental só será possível com medidas extraordinárias (integração dos fundos de pensões da banca) devido a derrapagens na despesa e à insuficiência de medidas correctivas;
  • não há folgas no orçamento de 2012;
  • o corte nominal dos salários da função pública (por via dos subsídios) é uma medida adequada e o sector privado deve seguir-lhe o exemplo (seguirá, certamente);
  • o país tem funcionários públicos a mais;
  • em 2012 é necessário concretizar medidas de natureza estrutural, ao nível da despesa pública, e sobretudo nas administrações locais e regionais e no sector empresarial do estado, sendo o enquadramento da situação da Madeira uma oportunidade para dar um sinal claro de que não serão tolerados comportamentos erráticos e irresponsáveis;
  • a recapitalização da banca deve respeitar os interesses dos contribuintes, a estabilidade do sistema e as normas da União Europeia;
  • é necessário aprofundar a reforma do mercado laboral e assegurar condições efectivas de concorrência, eliminando práticas de distorção no sector energético e nas profissões reguladas.

Ou seja, a mensagem é clara no sentido de aprofundar o movimento de imersão na realidade nua e crua. Todavia, perante isto, Carlos Zorrinho diz que ouviu isto. Se esta tendência se mantiver, é lícito concluir que o PS abandonou os princípios fundamentais da Galamba School of Economics para aderir, definitivamente, à escola do realismo mágico.

 

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