O realismo mágico na obra de Carlos Zorrinho
Para lá das versões e interpretações jornalísticas, as intervenções dos representantes da troika em discurso directo (podem consultar-se no Económico) e o relatório de acompanhamento hoje publicado salientam os seguintes pontos essenciais:
- a execução do orçamento de 2011 enfrentou dificuldades inesperadas e o cumprimento do objectivo orçamental só será possível com medidas extraordinárias (integração dos fundos de pensões da banca) devido a derrapagens na despesa e à insuficiência de medidas correctivas;
- não há folgas no orçamento de 2012;
- o corte nominal dos salários da função pública (por via dos subsídios) é uma medida adequada e o sector privado deve seguir-lhe o exemplo (seguirá, certamente);
- o país tem funcionários públicos a mais;
- em 2012 é necessário concretizar medidas de natureza estrutural, ao nível da despesa pública, e sobretudo nas administrações locais e regionais e no sector empresarial do estado, sendo o enquadramento da situação da Madeira uma oportunidade para dar um sinal claro de que não serão tolerados comportamentos erráticos e irresponsáveis;
- a recapitalização da banca deve respeitar os interesses dos contribuintes, a estabilidade do sistema e as normas da União Europeia;
- é necessário aprofundar a reforma do mercado laboral e assegurar condições efectivas de concorrência, eliminando práticas de distorção no sector energético e nas profissões reguladas.
Ou seja, a mensagem é clara no sentido de aprofundar o movimento de imersão na realidade nua e crua. Todavia, perante isto, Carlos Zorrinho diz que ouviu isto. Se esta tendência se mantiver, é lícito concluir que o PS abandonou os princípios fundamentais da Galamba School of Economics para aderir, definitivamente, à escola do realismo mágico.