por Patrícia Reis, em 12.11.11
Vamos a isso? Vamos lá que estou de molho e irritada. Eu gosto de ler. Desde sempre. De ficção científica a ensaio, de romances a literatura dita experimental. Gosto de poesia. E não tenho nada contra quem quer que publique. Cada um escreve o que pode, cada um lê o que pode, cada um tem os preconceitos elitistas que quer. Eu não tenho, estou-me nas tintas para o desdém com que neste pobrezinho país se maldiz de A ou B. Diz-se mal de A porque tem mais visibilidade mediática, de B por ter um par de mamas, de C por excesso de uso dos advérbios de modo, de E por ter a mania de puxar pelos galões, de F por ter um guarda roupa de marca, de G por ter sido traduzido(a), de H por ter a mania que a literatura é uma arte maior e dizer frases muito profundas, de I por ter sido entrevistado(a) por J, de J por ter entrevistado I, de L por ter sido convidado(a) para um evento no estrangeiro, de M por ter um livro que vende (Cristo!), de N por ter um livro mesmo bom mas que não devia ser assim porque, afinal, N nem tem uma licenciatura em filosofia, de O, que também não tem uma licenciatura, mas tem uma pós graduação, por ser eficaz e promover-se com efeitos imediatos, de P por ser como é e dizer o que lhe apetece, de Q por parecer uma coisa que não é, de R por ser amigo(a) de Q e de outros mencionados anteriormente que têm a mania que fazem uma elite qualquer, de R que conheceu S e depois T e viu os seus livros numa prateleira com destaque, de U que foi à televisão convidado(a) por V que, claro, também tem um romance, de preferência histórico ou muito vanguardista, de X porque, enfim, já olharam bem para as suas crónicas?, de Z por estar em último e os últimos serem os primeiros e os primeiros são uma chatice. Há paciência? Há valores humanistas nisto? Não. Há presunção, mesquinhez, maldicência, uma quantidade de gente a pontificar sobre as letras todas, à frente ou nas costas. Respeito? Zero. O mais importante da vida são as pessoas, ensinaram-me em pequena, mesmo que tenham defeitos, os defeitos das suas qualidades. Os artistas, os criativos, os escritores, músicos, etc, não podem agradar a todos mas têm a ousadia e coragem de se exporem, logo haja um pouco de respeito, sim? Obrigada.
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