Empunhai as vossas Bíblias.
A escola económica judaico-cristã dirige o seu olhar castigador para um novo alvo. Desta vez não exige a mortificação dos povos do Sul da Europa, ou a expiação dos graves pecados cometidos pela nossa função pública. Não; a prioridade da semana é extinguir feriados. Um raciocínio simples, adequado à tocante singeleza das nossas cabecinhas: com menos feriados, vamos trabalhar mais. Se trabalharmos mais, vamos produzir mais, logo não há que hesitar — certo?
Errado.
O Rui Passos Rocha, alma a que não se conheciam até agora tendências anti-liberais, descobriu em dois minutos um artigo a demonstrar que a existência de feriados afecta positivamente o crescimento económico, embora de modo marginal. E a seguir revela-nos uma lista com o número de feriados das economias mais produtivas da União Europeia (dica: a Suécia tem tantos como nós, e o Luxemburgo só um a menos).
Mas claro, agitar preconceitos disfarçados de evidências e espumar contra a preguiça é sempre mais fácil do que tentar perceber esse conjunto de fenómenos, nem sempre intuitivos, a que há quem chame realidade.