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Delito de Opinião

Muito respeitinho

Pedro Correia, 31.03.09

  

 

"Difamar as religiões constitui um grave atentado à dignidade humana levando à restrição da liberdade religiosa e à incitação ao ódio religioso e à violência.” Acabo de citar uma proclamação do Papa, confrontado com as críticas recebidas na Europa durante a sua recente deslocação a África? Nada disso: é um trecho de uma resolução aprovada há dias pelo prestigiadíssimo Conselho dos Direitos Humanos da ONU, sob proposta do Paquistão, em nome da Organização da Conferência Islâmica. Aprovada por 23 votos, registando-se 11 contra e 13 abstenções, a resolução exprime “viva inquietação” sobre a “difamação” de que as religiões têm vindo a ser alvo, nomeadamente nos órgãos de informação, e aos estereótipos a que são reduzidas. Um esclarecedor exemplo assinalado no texto: “O Islão é frequentemente associado a violações dos direitos humanos e ao terrorismo.”

Os países europeus, o Canadá e o Chile votaram contra. Mas os países muçulmanos e outros representantes daquilo a que outrora se convencionava chamar o “Terceiro Mundo não alinhado, progressista e anti-reaccionário”, votaram a favor. É uma ironia dos tempos modernos: o laicismo está hoje em vigor, verdadeiramente, quase só nos países pertencentes ao que também outrora se convencionava integrar na esfera do “capitalismo mais agressivo, retrógrado e explorador dos povos”.
A partir de agora é favor tratar os assuntos religiosos com o conveniente respeitinho. O Conselho dos Direitos Humanos da ONU assim o ordena.

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