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Delito de Opinião

Há por aí alguém que não esteja indignado?

Rui Rocha, 15.10.11

A avaliação das marchas dos indignados em Portugal fica condicionada pela comparação com os protestos de 12 de Março. Menos manifestantes num contexto social e economicamente mais degradado do que o de então permitem a conclusão de que se tratou de um relativo fracasso. Por outro lado, não faltarão as críticas relativas à falta de consistência da manifestação. Que objectivos, alternativas e caminhos têm os manifestantes para propor? Para além disso, confundir-se-á ainda a mensagem com o mensageiro: o Zé que nunca fez nada, o Alfredo que acredita que a violência é solução, os entusiasmadinhos da democracia directa  (a deles) e tantos outros cromos e pintas também por lá andaram. Criticar-se-ão, ainda, todos os actos violentos e as faltas de respeito, o lixo e o despeito. Mas, para lá de tudo isso, das comparações, dos mensageiros, dos propósitos e do contexto, sobra uma mensagem que é impossível ignorar. A de que paira sobre nós um nevoeiro de injustiça, de desequilíbrio, de distribuição enviesada que não pode deixar-nos indiferentes. E, se os motivos, os percursos e as soluções não são consensuais ou mesmo aceitáveis, fica, apesar de tudo, um sentimento de indignação que merece ser partilhado e que tem muito mais adesão do que aquela que hoje foi visível nas nossas ruas.

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