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Delito de Opinião

Do baú: Um conto infantil – Dona Esmeralda e a toupeira

Cláudia Köver, 11.10.11

Entre vizinhos todos conheciam a Dona Esmeralda, que se queixava dos buracos das toupeiras. Tinha olheiras de quem passava à noite à coca e comichava do nascer ao por do sol. E, todos os dias, a vizinhança prestável, fazia o frete de ajudar na caçada cega.

 

Tempos passados a Dona Esmeralda abandonou o queixume e a vizinhança continuou a aguardar as suas lamentas. Queriam saber se os buracos do bicharoco ainda lhe fazia doer a vista e dar gritos de meia-noite.


“Não” retorquiu.

 

A Dona Esmeralda, porém, continuava pálida e de ar frustrado, mas, quando confrontada com as perguntas armadas da vizinhança, dizia:“Não,não . Não é grave”.


Tempos depois deixou-se de pôr olho na Dona Esmeralda. Buscou-se a senhora e encontrou-se o seu cadáver no jardim – perfurado pela amargura interna. Tinha túneis escavados pelo corpo - de enfiar o punho inteiro -, mas, enfim, tinha um jardim floreado e sem buracos de toupeira.

 

De facto o foro emocional era, naquela vizinhança, ainda mais privativo que o jardim das traseiras.

 

Julho, 2009 

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