Alfredo Farinha [1925-2009]
Vi agora, apenas agora, que faleceu o Alfredo Farinha.
Cresci a vê-lo na televisão a defender o meu Benfica. Ganhei enquanto criança espírito crítico com futebol a ler os seus textos, quando ainda tinha a ingenuidade de miúdo e ia todos os dias de manhã comprar A Bola à banca do Sr. Fausto.
Não me esqueço daquela forma espontânea e inabalável como defendia o Benfica. Parecia que lhe saíam o coração e o estômago pela boca cada vez que atacavam o Nosso Glorioso. Era assertivo e impunha um respeito único, jamais visto em defensores do Benfica em programas do género. Eram tempos difíceis, acumulavam-se os anos em que o título nos fugia, mas nem por isso o Alfredo desistia.
Sei que antes de tudo isto, antes de o Alfredo se afastar, muito deu ao mundo do futebol.
Ao Alfredo Farinha deixo o meu muito obrigado e a certeza de que a sua memória perdurará.
E Pluribus Unum!
[Adenda] Contributo do Pedro Correia:
O Alfredo Farinha era o penúltimo representante ainda vivo da melhor geração de jornalistas da imprensa desportiva portuguesa. Uma geração que transformou o jornal 'A Bola' num cartão de visita de Portugal em todos os continentes. Gente que escrevia bem, que tinha convicções e que não receava exprimir opiniões, não confundindo o confronto de ideias com ataques de carácter. Uma geração que incluía Vítor Santos, Carlos Miranda, Carlos Pinhão, Homero Serpa e Aurélio Márcio (este o único sobrevivente).
Li, desde miúdo, incontáveis textos do Alfredo Farinha, ainda naqueles velhos lençóis d'"A Bola". Presto aqui a minha homenagem, como leitor, à memória desse veterano jornalista.