Como é difícil isaltinar
Oito anos depois, o homem foi dentro. Mas não quer dizer que tenha ido mesmo dentro. Ultrapassada mais esta fase de incidentes processuais levantados e eventuais irregularidades a conferir, o homem pode ter ido dentro apenas para uma charutada e já volta.
Um companheiro de lides do homem já declarou a Oeiras, à Nação e à Justiça qualquer coisa a que a RTP deu voz e que se resume assim: o homem foi dentro, mas não tinha de ir; afinal, há tanta gente por aí que devia ir dentro e nunca foi; basta ver o caso da Madeira, por exemplo. Ou seja (dito de outro modo): antes de serem multados todos os outros condutores mal estacionados, ninguém tem de ser multado por estacionar mal o carro.
Enfim: a nossa Justiça não tem apenas de começar a ser mais justa, a evitar ter dois pesos e duas medidas, a ser mais célere e a aprender a funcionar sem gerar muitos incidentes. Não. A nossa Justiça também tem de saber que, depois de um certo tempo, é preciso e urgente deixar uma pessoa isaltinar sem mais delongas.
Ao fim de oito anos, vá lá, é justo permitir que um homem isaltine de vez, sem continuar ainda sujeito à instabilidade de ser posto dentro e voltar a sair. Alimentar tamanha intranquilidade num homem que anda há oito anos a dizer que está de consciência tranquila só prova como é difícil isaltinar em Portugal.