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Delito de Opinião

Despedimento colectivo

José António Abreu, 26.09.11

É a pessoa que tratou das minudências de um despedimento colectivo. No final do processo viu-se incluída no grupo de despedidos. Ficou surpreendida. Não devia. Qualquer empresa de média dimensão (nas pequenas nem se conhece o conceito de gestão de recursos humanos enquanto nas grandes o ambiente está de tal modo impessoal que ninguém conhece realmente ninguém) tem interesse em evitar que o rosto de um despedimento colectivo permaneça nos quadros. Trata-se de um elemento em quem os restantes trabalhadores jamais voltarão a confiar. Despedi-lo permite aos verdadeiros responsáveis arranjar alguém para quem medo e raiva podem ser canalizados e marcar um ponto de viragem na empresa. É como se dissessem aos que ficam que também acharam mal o que se passou e garantissem que não voltará a acontecer. E quem fica esforça-se por acreditar porque precisamos sempre de acreditar em alguma coisa, por muito ilógica que seja.

 

Ingenuidade excessiva é estupidez e eu tenho dificuldade em sentir empatia por esta pessoa. Especialmente quando sei que tratou do assunto com um entusiasmo raiando a insensibilidade. Acreditando genuinamente estar a fazer o melhor para a empresa. Talvez estivesse. Tal como quem a despediu.

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