O mapa
Caminhava pelo passeio, regressando do almoço. Poucas dezenas de metros à minha frente, duas turistas, raparigas de vinte e poucos anos, debatiam-se com um mapa. Uma voltou-se e pediu auxílio a outra rapariga – presumivelmente portuguesa – que se encontrava perto, junto a uma montra. Esta olhou para o mapa, hesitou, chamou uma amiga. Ficaram as quatro a olhar para o mapa, rodando-o, aproximando e afastando a cabeça da sua superfície, olhando para cima uma e outra vez como que para confirmar o local em que se encontravam, fazendo deslizar a ponta do indicador pelo papel. Neste ínterim, cheguei junto delas. Vinha preparado para providenciar ajuda mas nenhuma das quatro ergueu os olhos do mapa. Um pouco desiludido (há o eterno desejo masculino de conseguir salvar a situação com uma facilidade estonteante e, para mais, duas delas – uma turista e uma autóctone – eram bastante atraentes), prossegui caminho. Cinquenta metros depois voltei-me. Continuavam lá, conversando animadamente, cabeças debruçadas sobre a folha de papel.
Talvez devesse ter parado e oferecido ajuda. Mas receei que vissem a atitude como presunçosa, quiçá sexista. Foi melhor assim. De resto, posso sempre lá regressar ao fim da tarde. Se continuarem a pedir auxílio apenas a mulheres, há-de lá estar um grupo de dezenas, todas amontoadas em redor do mapa.