Surpresas do nosso património (1)
Ana Lima, 29.08.11
Quando passeamos por aí, sem grandes definições de destinos ou percursos, somos surpreendidos por determinados sítios ou monumentos que, à partida, desconhecíamos ou nunca tínhamos visitado. O estado em que se encontra o nosso património também nos surpreende, umas vezes positivamente, outras negativamente. Claro que o que para mim constitui uma surpresa não o será para outros. Mesmo assim, vou por aqui deixar, de vez em quando, umas pistas. Não farei grandes descrições. Só algumas impressões que esses locais me suscitaram.
Começo por um monumento que nos lembra que, num tempo em que tantas obras de arquitectura nos gritam para que as vejamos, é bom encontrar situações em que o esforço para as conhecermos é proporcional ao prazer da descoberta.
Após uma descida íngreme de automóvel e mais alguns metros a pé lá está ela, a igreja românica, antigo eremitério, de S. Pedro das Águias. Quem procura a sua entrada deve fazê-lo no sítio mais inusitado. De facto ela está a menos de 1 metro do rochedo que, naquele lugar, marca a paisagem. Encontra-se frente a ele, de costas para o rio, o Távora, que por ali corre pouco caudaloso. O tempo está agradável e, junto a ela, uma família, aproveita uma plataforma natural para aí se instalar para um piquenique calmo. As crianças brincam indiferentes às razões que levaram os construtores do século XII a virá-la para a parede. Não terá sido um castigo mas talvez uma forma de lembrar aos monges que a sua relação com o mundo dos homens deveria ser o mais reduzida possível.