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Delito de Opinião

Este já não prende mais ninguém

Pedro Correia, 22.08.11

 

Muammar Kadhafi subiu ao poder há 42 anos. Quando Marcelo Caetano era o chefe do Governo português, Richard Nixon disputava a Casa Branca contra Hubert Humphrey e Neil Armstrong acabara de deixar a sua pegada impressa no solo lunar. A larga maioria dos líbios nunca conheceu outro dirigente supremo senão este coronel que nos últimos seis meses, acossado pela crescente revolta de massas contra o seu domínio tirânico, não hesitou em desencadear uma guerra civil contra o próprio povo.

Kadhafi, convém recordar, foi um dos ditadores a quem o Governo português estendeu a passadeira vermelha em Dezembro de 2007, por ocasião da  lamentável cimeira UE-África. Como na altura escrevi, o seu cadastro como governante era o menos recomendável possível: «Financiou o terrorismo internacional. Sob o seu mandato, pelo menos 250 presos políticos "desapareceram" misteriosamente. Os partidos são rigorosamente proibidos no país. A liberdade de expressão é uma miragem. A tortura generalizou-se como instrumento de combate ao "crime". Muitas mulheres suspeitas de adultério são remetidas a casas de "reabilitação". Na Líbia de hoje, uma crítica ao Governo pode ser punida com a prisão. Ou ainda pior: a tristemente célebre Lei 71 pune a "dissidência", em casos extremos, com a pena de morte.» O mais recente relatório anual do Observatório de Direitos Humanos não deixava lugar a dúvidas: «A repressão da sociedade civil, sob o controlo do Governo, continua a ser norma na Líbia.»

Kadhafi não está em condições de mandar prender e torturar mais ninguém: a resistência líbia já entrou em Trípoli e promete instaurar um regime democrático no país. O coronel não lidera nada, mas as televisões portuguesas continuam a chamar-lhe "líder líbio". Será assim tão incómodo pronunciar a palavra ditador?

4 comentários

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    corridadomontado 22.08.2011

    Exclusivamente, a "voz do dono"!
    Meninos como este Carlos Cunha aprenderam todos pela mesma cartilha e, exclusivamente, com uma tónica comum - a liberdade.
    Mas que liberdade? A de explorarem até ao tutano a mão-de-obra trabalhadora e os parcos proventos financeiros das pessoas para enriquecerem de forma completamente imoral.
    Então, hoje em dia, isto é alguma coisa? Apelam por aí aos sacrifíos do pessoal e, depois, é "um ver se te avias" de milhõe e milhões por todo o lado, na alta-finança, no futebol, na moda, nas comunicações, na informática e sei lá mais o quê!
    Então há alguma justiça social neste nosso sistema político?
    Esta Democracia serve o Homem ou serve só a alta-finança?
    Benditos "Ditadores", homens que derrubaram (esses sim) regimes ditatoriais e desumanos, foram Heróis e criaram condições para uma vida equilibrada para os seus concidadãos.
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    Pedro Correia 23.08.2011

    Corrida do Montado, fui ao seu blogue e logo no início li isto: «A IX Corrida do Montado / Generali realizada no sábado, 22 de Março de 2008, reuniu 111 participantes, entre 167 inscritos.»
    Fica tudo dito. Não admira que ande desactualizado...
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    corridadomontado 23.08.2011

    Pedrinho, és mais uma voz do dono americano.
    Gajos como tu vão ter um lindo futuro, pois andam a reboque da mentira e da publicidade americana para que a alta-finança da américa continue a tirar os maiores dividendos do negócio global, até esta m. dar a volta. Que não tarda muito, pois o ódio cada vez é a maior e a dificuldade para a sobrevivência dos desfavoreidos é muito alta!
    Que chegue, depressa, a Revolução!
    Apesar dos meus 63 anos, lá estarei na linha da frente para a grande Luta.
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