Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

Gelados pela crise

Ana Lima, 14.08.11

Para quem, como eu, por razões pessoais e de conjuntura económica, se vê constrangida a umas férias em que a palavra de ordem é poupar, os passeios a locais não muito distantes do local de residência acabam por ser um recurso interessante e têm proporcionado momentos bem agradáveis.

Ora ontem, sabendo que, após obras de conservação e valorização, o local tinha reaberto ao público,  resolvi levar o pessoal mais novo cá de casa ao cimo da Serra de Montejunto visitar a Real Fábrica do Gelo, classificada, desde 1997, como Monumento Nacional. Eu já o visitei e sabia que o sucesso estaria garantido à partida pois perceber como se fazia a produção de gelo no cimo de uma serra e imaginar o seu transporte, até Lisboa, nos séculos XVIII e XIX, para satisfazer  os novos gostos da corte e não só, é uma lição bem animada de História.

Cheguei por volta das 16 horas. Pois não é que, mesmo sendo sábado, o sítio estava encerrado? Abria à tarde, de facto, mas havia apenas duas visitas guiadas, às 14 e às 15.30. As hipóteses de visitar o local ficam por aí pois a entrada só se pode fazer nesse contexto. Não vou dizer que fiquei gelada pois, nesta altura do ano, mesmo no meio do fantástico souto que se atravessa, a temperatura era bem agradável.

Eu já sei que, dada a situação actual, não é fácil pagar a funcionários que garantam que todos os locais estejam acessíveis ao público, em horário razoável. Mas pensar no investimento que foi feito e que a reinauguração aconteceu em Março deste ano…

E este é apenas um exemplo dos que ainda se mantêm. Muitos museus e centros interpretativos por esse país fora, alguns criados de raiz, encontram-se puramente encerrados por não terem sido acautelados, aquando da sua construção, os custos de manutenção, de programação, etc., que teriam que ser pensados para que pudéssemos usufruir, para lá de um futuro imediato, do nosso património. Aguardemos por melhores dias. Entretanto há que tomar por certo que os congelamentos afectam não só o nosso presente e o nosso futuro mas também chegam, em sentido inverso, ao nosso passado.

20 comentários

Comentar post