Quando se fala do que não se sabe...
... costuma dar buraco. Pacheco Pereira, na Sábado desta semana, escreve o seguinte na sua crónica: Atacados pela pirataria, os jogos escritos especificamente para PC estão também a desaparecer, a favor dos jogos para consolas dedicadas, mais fáceis de defender dos assaltantes do copyright. Redondo disparate de alguém que, ao que parece, nunca deve ter jogado um jogo de computador mais complexo do que o "Minesweeper" (nada contra). É verdade que o mercado de jogos para consolas está mais dinâmico do que nunca, que a evolução dos smartphones permite sucessos improváveis há meia dúzia de anos (Angry Birds), e que a massificação da Internet de banda larga abriu definitivamente as portas ao jogo online nas consolas. No entanto, Pacheco Pereira não faz a mais pequena ideia - nem pode fazer, pois está visto que não passa muito tempo a jogar computador (uma vez mais, nada contra) - que aquele que será porventura um dos videojogos mais bem sucedidos da última década, World of Warcraft, que conta com mais de onze milhões de jogadores que mensalmente pagam entre dez e doze dólares para o jogar, é exclusivo... para PC. Aliás, a produtora do WoW é conhecida por fazer sucessos constantes para PC. Pacheco Pereira também parece não saber que a maior parte das principais produtoras de videojogos já dispõe das suas próprias lojas online, onde os jogos podem ser comprados e, muitas vezes, onde têm de ser registados para terem todas as suas opções disponíveis. Sim, são mais fáceis de piratear, mas nem sempre isso compensa. Pacheco Pereira também conhece a Steam, uma enorme loja online de videojogos que vende grandes títulos jogos indie de forma igual, e por vezes ao preço da uva mijona. As consolas estão em alta? Sem dúvida, e vão continuar a estar. Mas é francamente duvidoso - para não dizer improvável - que os jogos para PC estejam ou venham a estar em risco num futuro próximo.

