Onde é que eu já vi isto?
“Encarar as empresas do Estado e, desde logo, o banco público como propriedade partidária a distribuir pela clientela não é novidade. Mas Passos Coelho e Paulo Portas, tão exigentes e moralistas quando estavam na oposição, prometeram agir de modo diferente. Tiveram uma oportunidade de ouro para o demonstrar e falharam redondamente.
(…)
O Governo não hesitou aumentar o número de gestores, pagos a peso de ouro – talvez de modo a ajustar a oferta à procura de lugares – num momento em que pede sacrifícios; ignorou ou desvalorizou potenciais conflitos de interesses, tendo em conta o percurso profissional de alguns dos nomeados; e até no processo de recrutamento cometeu erros graves, visto um dos contemplados ter vindo dizer que foi convidado para “vice”, quando compete à própria administração da Caixa atribuir esse cargo.
Tudo isto num único ato de gestão é revelador de quão distantes estão as belas palavras dos líderes do PSD e do CDS contra o clientelismo do Estado.”
Fernando Madrinha, "O Pote e a Rua", Expresso, 30 de Julho de 2011