Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

Sabia que... (69)

João Carvalho, 28.07.11

... é possível ter uma cidade só para si? Se não sabia, fique a saber que sim: pode vê-la aqui, na CNN.

Claro que nada disto é completamente novo. Entre vários casos conhecidos ao longo dos tempos, recordamos o de Kim Basinger, que comprou uma pequena povoação num monte em Braselton (Georgia, EUA), por 20 milhões de dólares, com a ideia de transformá-la numa atracção turística e palco de um festival de cinema. Porém, o plano começou a complicar-se e nunca chegou a arrancar a sério, ao passo que ela começou a perder dinheiro e teve de vender o lugar antes que o prejuízo financeiro fosse maior do que foi.

No caso em apreço, a cidadezinha (ou vila, talvez) de 23 hectares (17 hectares urbanos e 23 hectares de arredores) tem o nome sugestivo de Scenic e fica no Dakota do Sul (EUA). Está à venda pela módica quantia de 799 mil dólares e inclui um grande salão de dança, um saloon bem clássico, uma estação de serviço com loja de conveniência, dois armazéns comerciais, uma estação de correios, um museu, uma pensão, uma prisão histórica abandonada e uma prisão funcional, uma estação de comboio à boa maneira de antanho, diversas moradias devolutas e outros edifícios vazios. A nostalgia do ambiente transporta qualquer um para o velho Oeste norte-americano e é fácil imaginar John Wayne a atravessar a rua. Mas o charme não basta, na hora da verdade, quando se percebe que vai ser preciso cuidar da limpeza, da água (de uma lagoa a norte da localidade), da luz, das comunicações, da segurança (as prisões não devem estar lá por acaso) e de tudo o mais.

Já em Portugal, isto muda um bocado de figura. O interior do País está cheio de aldeias-fantasmas que podem ser compradas para recuperar, remodelar, restaurar e adaptar à vontade, desde que haja pachorra para vencer uma teia burocrática imensa e disposição para alimentar um sistema de pequena corrupção persistente. Mais difícil, no entanto, é tentar vender o território nacional de uma assentada. Por muito charmoso que seja, quem é que quer ter um espaço pequenote e assumir um passivo gigantesco?

6 comentários

Comentar post