Caro PPC, espero que não te chames Hélio porque eu não sou Guedes
Pelo visto, o Desvio Colossal é filho bastardo do Colosso de Rhodes. E ambos são do domínio da mitologia. Toda a gente fala deles, mas nunca ninguém os viu. A diferença é que o Colosso foi uma das sete maravilhas do mundo antigo. O Desvio é uma das primeiras trapalhadas do governo novo. Ora, só não sente quem não é filho de boa gente. E eu sou filho dos meus pais, se é que me entendem. A coisa está mal contada e pior explicada. Desvio ou não, grande ou pequeno, não é coisa que se trate como foi tratada. E no que diz respeito ao Ministro das Finanças, devo dizer que prefiro as piadas curtas. A minha paciência para explicações mirabolantes e arrastadas esgotou-se com o Valter Lemos. Neste momento, considero-me esbulhado do meu subsídio de natal e sinto-me destinatário de uma razoável falta de respeito. A complacência deu asas a Sócrates e feriu de morte o país. O melhor que pode acontecer a Passos Coelho é encontrar, desde o início, uma opinião pública exigente e que responda aos seus erros ou mentiras, se for o caso, com palavras directas e verdadeiras. Por isso, aqui estou para dizer que não gostei e que, neste momento, já não se trata de uma situação de maior ou menor tolerância. De facto, já não tenho mais nada para dar para certos peditórios. Muito menos subsídio de natal que, a mim, pelo menos, me custa muito a ganhar.
P.S. (salvo seja): antes que apareça por aí a brigada do socrático, convém esclarecer que os erros de Passos Coelho não desculpam ou justificam, por um momento que seja, o desastre da governação do dito cujo. E que, se Passos Coelho vier a falhar (coisa que sinceramente não desejo e não percebo como pode alguém desejar), teremos de arranjar outro/a, que jamais será Sócrates, que erre melhor ou que minta com mais respeito.
Adenda às 15h15: A RTP acabou de publicar o vídeo das declarações de Passos Coelho. Felizmente, o Primeiro-Ministro não falou em desvio colossal. Antes assim. Todavia, mantenho a crítica quanto à gestão do processo e da comunicação neste caso. E continuo a não perceber a falta de sintonia entre os mil milhões referidos pelo Ministro das Finanças e os 2,3 mil milhões já avançados por PPC. Se há matéria em que se deve ser claro e conciso é esta.