Um raio de sol na água fria
Durão Barroso, apelando ao voto, disse que as eleições de hoje eram as mais importantes desde o 25 de Abril de 1974.
Exagero estratégico, ou crua lucidez?
Tendo a concordar.
Isso, se no histórico das primeiras incluirmos as que serviram para emendar Março de 1975 e legitimar as forças do 25 de Novembro, quando esteve em jogo a subsistência do regime democrático e os rottweilers comunistas se apropriaram do poder, com recurso ao único expediente que conhecem: a força das armas.
Então, o que temos hoje em mãos?
Os resultados de uma democracia que abdicou da virtude?
A ressaca do poder exercido por incompetentes?
São anos negros aqueles que, mais uma vez, vamos julgar.
Tão negros quanto aqueles que nos esperam – dizem (et pour cause).
Se não for agora, num momento crucial como este, que nos manifestamos maciçamente, que direito ao silêncio nos restará?
Nenhum.
As águas não são cálidas nem bonançosas. São frias, como gelo, e agitadas.
Mas ainda vamos a tempo de emendar Setembro.